Se dar o valor

Sabe quando uma palavra, tema ou expressão específica começam a te perseguir? Tá acontecendo comigo.

Esses dias, passendo pelo Facebook, topei com uma postagem de alguma página feminista que algum amigo tinha compartilhado. Ironizava a expressão "mulher tem que se dar o valor", dizendo que o valor da mulher não era dado por ela usar roupas vulgares ou não.

Depois, conversando com minha vó-sogra, ela me aconselhou para que eu me desse o valor e soubesse quando correr atrás e quando esperar que ele corra atrás.

São duas interpretações polêmicas de uma expressão que nem é tão complexa assim. Será que se dá ao valor é dar valor ao seu corpo e não exibi-lo com roupas vulgares? É dar valor a suas atitudes e ser firme com elas? Será que tudo, tudo na vida, precisa vir com um manual de como, quando, onde e por que fazer?

Aí, de novo, eu me peguei refletindo sobre isso numa madrugada agitada. O valor de nós mesmos. O valor que nós atribuímos a nós mesmos. Mas gente não é mercadoria, não é brinquedo, presente, bem material pra gente ficar dando valor pra gente. Mas que valor você dá pra si mesmo? Pro seu corpo, mas coisas que você faz, pro jeito que você pensa, pras coisas que você fala? Aí vêm o orgulho, a autoestima, a teimosia e todas aquelas coisas que nos impedem de aproveitar os momentos legais da vida sem se preocupar com o que estão pensando de você.

Então, por que se preocupar com tudo isso? Use uma roupa curta se estiver quente, ou se você gosta. Os errados são os babacas que te objetificam na rua, e não você, por ter escolhido uma roupa que mostra pele sei lá por que razão. Ninguém tem absolutamente nada a ver com isso. Saiba ver quando você está errad e quando você está certo. Se estiver errado, assuma, peça desculpas, corra atrás do que você perdeu e que te faz falta. Se estiver certo, explique o porquê, justifique suas atitudes frias, e não fique nesse joguinho bobo de enigmas onde a pessoa precisa descobrir sozinha o que fez. Se ela estiver errada e não quiser arredar o pé, sinto muito. O orgulho esmaga mais corações que acidentes de carro.

Por que as coisas têm que ser tão complicadas mesmo?