domingo, 30 de março de 2014

Eu sei que você sabe que esse é pra você


É ainda mais estranho escrever sabendo que a pessoa pra quem você está escrevendo de fato lê seu blog fútil na internet. Mas acho que não preciso me preocupar com as conclusões que você tirou da eu de agora, porque ela é exatamente igual à eu da última vez que nós nos falamos, há três anos atrás. Ela só descobriu alguns artistas novos. Viajou pra uns lugares diferentes. Abriu mais um pouco a cabeça. Mas ainda é exatamente como você sempre previu que eu ia ser. E é angustiante ser tão previsível assim. É angustiante nunca mudar. Ainda mais enquanto você está se reinventando a cada ano que passa. Mas eu já devia estar acostumada a sempre topar com uma você diferente.

Nós duas sempre fomos meio esquisitas. E muito, muito diferentes. Duas garotas de onze anos sentadas num pátio vazio, discutindo religião! Mas eu sempre fui o tipo de diferente que prefere ficar em casa assistindo seriados e comendo besteiras a ir numa festa, e você sempre foi o tipo de diferente que experimenta as coisas e parece estar vivendo de verdade. Eu te admiro, mas não sou igual a você. E, por mais que as coisas que você me disse ontem à noite não estivessem vindo da pessoa mais sóbria da Terra, você estava certa. Eu fiquei mesmo feliz em te ver. Fazia muito tempo e querendo ou não você foi e sempre será uma grande parte da minha vida. Mesmo que a gente não tenha mais nada a ver. Mas a gente nunca teve, né? 

Eu gosto de pensar que ainda te conheço. Não sei mais qual é sua banda preferida, o que você quer fazer da vida ou o que raios você está fazendo dela agora. Mas, embora a gente brigasse muito, você é uma das pouquíssimas pessoas na Terra pra quem eu realmente disse tudo o que estava pensando. Não posso dizer isso da maioria dos meus amigos. E eu gosto de fingir que, dentro da sua cabeça louca, teve uma parte que realmente ficou tão feliz de me ver quanto eu fiquei. Que acha mesmo que nós sempre vamos ter um tipo de conexão eterna. Mas talvez eu só esteja deixando tudo desnecessariamente sentimental. Que seja. Ainda te conheço e você pode se mudar pra Camboja e virar freira que eu ainda vou te conhecer. Ainda vou ser a detentora de pequenos fatos sobre você, como a existência da história de vampiros que você escrevia quando era mais nova, ou a obsessão que você tinha por Evanescence (pra não falar pior) numa certa época. 

Como você mesma disse, eu cuido de mim mesma. Você também. Do seu próprio jeito, mas cuida. Você é inteligente. Sabe no que está se metendo, e eu não tenho mais o direito de dar pitaco na sua vida. Não sei o que você faz dela. Espero que seu amigo com nome de interjeição não faça nenhuma sacanagem com você. Ou qualquer outro amigo novo que você tenha hoje em dia.

Você é boa até demais em captar indiretas. Sei lá o que você vai concluir com esse texto. Mas não se autodestrua. Em nome dos velhos tempos. 

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