segunda-feira, 22 de abril de 2013

Felicidade plena


Eu passei tempo demais tentando ser feliz. Como é que se é feliz? Tem alguma receita, tipo fazer bolo? Tem um número mínimo de amigos, ou de amantes, ou alguma lista de memórias obrigatórias para entrar na seleta lista de pessoas plenamente felizes? Tem que parecer a Barbie e não ter absolutamente nenhuma ruga de preocupação? Ou será que tem que olhar cada ruga antes de ir dormir, e lembrar de cada dificuldade, cada perrengue que você passou para conseguir aquela marca? Desculpa, eu não quero disseminar em você minha ideia particular do que é felicidade. Isso tem diferentes concepções para cada pessoa. Mas e não ter no que pensar antes de dormir? Não ter uma única ferida que, ao ser cutucada, já espalhada uma angústia pelo seu corpo? Desculpa, mas essa falta de problemas e imperfeições não dá material para textos como esse.

Pequenas imperfeições como essas sobre o qual eu escrevo é que dão inspiração para textos muito parecidos com esse. Pequenas imperfeições humanas. Ou, no meu caso, a imperfeição de tentar ser perfeita. Não fisicamente, já que eu estou beem longe de ter barriga sequinha, ou uma pele perfeita. Mas a perfeição emocional. O perfeito equilíbrio entre a razão e a emoção. o que acontece quando você chega nesse estado perfeito? Você desmorona. Porque não tem mais sobre o que escrever. Não tem mais o que viver, o que chorar, o que xingar no Twitter, o que desabafar com as amigas. Você acaba tendo uma crise por causa de sua falta de motivos para crises. Parece bobo, né? Mas depois que você já resolveu tudo o que tinha pra resolver - está indo bem na escola, parou de brigar com os pais, fez alguns amigos novos - o que resta pra viver? O sentido da vida não deveria ser exatamente a busca incessante pela felicidade? E quando se chega na felicidade plena? Acabou a busca. O que você faz quando chega ao topo de uma montanha? Você aprecia a vista. Depois você desce. Por que? A vista da montanha é linda, não me leve a mal. Mas a caminhada é muito mais excitante. A felicidade plena não é aquela ausente de problemas, e sim onde você tem seus problemas - a conta de luz atrasada, os dois quilos que você ganhou, a nota ruim naquela prova difícil - mas, mesmo com esses problemas, você consegue rir com aquela piada ruim daquela comédia romântica super clichê. Você consegue rebolar ao som da sua música preferida. Você consegue achar a beleza em ficar de moletom olhando a chuva cair enquanto lê um bom livro. Então, contradizendo aquela fala do filme da Hannah Montana (A caminhada pode ser dura, mas a vista é linda, ou algo assim): a vista pode até ser linda. Mas é a caminhada que faz tudo emocionante.

Mesmo com a linda frase de efeito que terminaria muito melhor esse texto, eu quero abrir um pequeno parêntese para te dizer, mesmo que você talvez não seja o destinatário desse texto: desculpa. Não preciso de motivo melhor para fugir da perfeição do que o fato de que a perfeição é um saco. Não quero uma vida perfeita. Quero uma vida cheia de altos e baixos. E com você. 

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