Felicidade e Faxina
Virão dias melhores. Eles sempre
vêm. Vêm devagar, de mansinho, se instalando e deixando tudo nos conformes.
Felicidade é como uma faxineira que vem umas duas vezes na semana. Quando vem,
deixa tudo limpinho, organizado, uma delícia de ver. A gente se sente mais
tranquilo, mais leve, sem uma pilha de louça suja acumulando na pia ou aquele
pedaço de pizza da semana passada jogado debaixo do tapete. Dá uma calma que dá
vontade de rir. Mas a faxineira, assim como a felicidade, não vem todos os
dias. Quando ela não vem, vai se ausentando devagar, as coisas vão acumulando.
Os sentimentos ruins vão empilhados em um canto, e uma camada de poeira e
sujeira vai cobrindo as coisas brilhantes e bonitas. E quando você está quase
se afogando em tristeza, ou em pacotes vazios de salgadinho, dependendo do lado
da comparação para o qual você está pendendo, chega a faxina e dá uma geral em
tudo. É um ciclo vicioso, sabe? Eu nunca soube me resolver com meus
sentimentos, nem limpar uma cozinha. E só Deus sabe a implicância que eu tenho
com mancha de gordura no fogão.
Mas o segredo é não depender de uma espécie de força mística que chega de vez em quando e arruma sua bagunça. Não é uma força mística que te dá dez naquela prova difícil, manda um sorriso do garoto que você gosta ou prepara o melhor bolo de chocolate que você já comeu na vida. E com certeza não é uma força mística que lava suas meias sujas. Pra que depender dessa força mística, se você mesma pode arrumar sua cama ou marcar um encontro com aquele garoto bonitinho do seu inglês? Felicidade e faxineiras são coisas que vão e voltam, mas é você quem determina se vai depender de alguma delas para deixar sua casa arrumadinha. Ou sua vida, mesmo.
Mariana Toledo
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